A doença de Alzheimer é uma das causas mais comuns de demência em idosos. Ela é definida como uma doença neurodegenerativa que promove alterações cognitivas progressivas.
No início do seu desenvolvimento, a sintomatologia mais característica é a perda da memória recente. Com o avanço da doença, surgem diferentes sintomas cognitivos e comportamentais, como reconhecimento facial prejudicado, isolamento social e função motora reduzida, sendo considerada a principal causa de dependência funcional e morte entre a população idosa.
Dados da OMS estimam que a prevalência dessa doença deva dobrar ou triplicar até 2050, ultrapassando os 100 milhões de pessoas afetadas. E o aumento na expectativa de vida pode ser considerado um fator-chave para esses resultados. Em geral, as chances de desenvolvimento da doença de Alzheimer aumentam com o passar dos anos, passando de pouco mais de 1% em idosos na faixa dos 65 – 70 anos para acima de 30% em idosos com 80 anos ou mais.
Todos esses fatores reforçam ainda mais a necessidade de aprofundamento em estudos e no desenvolvimento de métodos eficazes para diagnóstico e tratamento do Alzheimer.
Os desafios científicos da doença de Alzheimer
Apesar de toda a importância para a saúde mundial e dos esforços científicos para compreender suas causas, a doença de Alzheimer continua a ser um ponto de interrogação na comunidade científica. Extensos estudos vêm sendo realizados ao longo dos anos e algumas teorias foram construídas para explicar quais seriam os gatilhos para o seu desenvolvimento.
Uma das hipóteses é que o Alzheimer seja desencadeado devido ao aumento na produção e atividade das proteínas Tau e β-amiloide, que se agrupam e formam placas e emaranhados neurofibrilares, lesando o tecido cerebral. Além de comprometer a comunicação dos neurônios, essas placas também ativam células do sistema imune que residem no sistema nervoso central, a micróglia. Neste processo, diferentes substâncias passam a ser produzidas levando à neuroinflamação, o estresse oxidativo e a morte dos neurônios em regiões importantes para a formação da memória.
Inicialmente, as lesões causadas pela deposição das placas de β-amiloide e emaranhados neurofibrilares da Tau começam em regiões responsáveis pela consolidação de novas memórias, como o hipocampo. Isso explica a principal sintomatologia do Alzheimer: a perda de memória recente. Com o avanço da doença, outras regiões cerebrais envolvidas na cognição, controle motor e até mesmo funções vitais são afetadas, podendo levar a óbito o paciente.
O grande ponto-chave é que a ciência ainda não compreende se o depósito dessas proteínas é o desencadeador ou se são apenas consequência do desenvolvimento da doença. Diversos estudos científicos já foram realizados explorando estas hipóteses na tentativa de desenvolver moléculas que revertam o processo e as características clínicas do paciente, mas sem obter grande sucesso. Recentemente um fármaco foi desenvolvido, o aducanumab, o qual demonstrou ser eficiente na remoção de placas beta amiloides em pacientes portadores de Alzheimer. Por outro lado, sua relevância clínica foi altamente questionada por não apresentar melhora na sintomatologia dos pacientes.
Os tratamentos disponíveis atualmente para o Alzheimer não conseguem parar ou reverter a progressão da doença e fornecem efeitos terapêuticos limitados ao retardo da progressão da doença. Dessa maneira, fica cada vez mais evidente a necessidade de novos estudos e desenvolvimento de terapias alternativas mais eficazes.
Cannabis medicinal, uma promessa para o tratamento do Alzheimer
O estudo e aplicação da medicina canabinoide tem crescido exponencialmente nos últimos anos, com muitos trabalhos científicos sendo publicados em diferentes áreas da saúde. Hoje, sabe-se do potencial terapêutico de substâncias como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), que atuam como potentes agentes neuroprotetores e redutores da neuroinflamação, prevenindo a morte neuronal.
Em um recente estudo publicado na revista Journal of Alzheimer’s Disease, cientistas investigaram o efeito do tratamento crônico com canabidiol sobre o dano cognitivo em camundongos. Para avaliar o possível efeito neuroprotetor do CBD, os cientistas utilizaram camundongos geneticamente modificados para desenvolverem o Alzheimer como modelo experimental.
No estudo, animais com 12 semanas foram tratados com 50 mg/kg de CBD administrado por via intraperitoneal durante três semanas consecutivas. Após o tratamento, os camundongos foram submetidos a diferentes testes comportamentais para avaliar a função cognitiva e memória. De forma inédita, o tratamento crônico com CBD reverteu a perda de memória e aprendizado. Além disso, os pesquisadores descobriram que o tratamento tendeu a reduzir os níveis da proteína β-amiloide no hipocampo dos animais. Contudo, o tratamento com CBD não afetou a neuroinflamação e neurodegeneração no córtex.
Em outra pesquisa científica, tanto o CBD quanto THC conseguiram recuperar o declínio da memória em roedores, mesmo em estágios mais avançados e graves da doença. Neste mesmo estudo, os pesquisadores defendem que essa recuperação cognitiva ocorreu por meio da restauração e controle da neurotransmissão glutamatérgica e GABAérgica. Estes são neurônios importantíssimos para as conexões neurais e acredita-se que com a progressão da doença de Alzheimer ocorra uma perda significativa destes neurônios, especialmente neurônios GABAérgicos.
Aplicabilidade clínica do CBD
Estudos experimentais com modelos animais são importantíssimos para fins investigativos e para conhecer a fundo a fisiopatologia da doença. A partir destes estudos, surgem moléculas de interesse que potencialmente podem se tornar fármacos úteis na terapêutica.
No entanto, o processo é longo e envolve muitas outras fases experimentais para que o medicamento possa chegar às farmácias. Dentro de todo esse fluxo de desenvolvimento, uma das partes essenciais são as pesquisas clínicas. Após comprovada a segurança e eficácia do potencial fármaco em animais ou células, o passo seguinte são os testes clínicos de fase 1, 2, 3 e 4. Nestes diferentes testes, o objetivo principal é testar a segurança e a eficácia deste novo medicamento em seres humanos.
A aplicação do CBD para tratamento do Alzheimer ainda está sendo estudada. Em um estudo piloto, cientistas mediram a eficácia e segurança do óleo de cannabis medicinal como um complemento à farmacoterapia, no alívio dos sintomas comportamentais e psicológicos da demência. Para tanto, onze pacientes com doença de Alzheimer foram recrutados para um estudo de quatro semanas. Como resultados, constatou-se que a adição do óleo de cannabis melhorou a sintomatologia dos pacientes, trazendo indícios de que essa terapia pode ser um complemento eficaz.
No entanto, este é um estudo com um número de participantes pequeno onde não se utilizou controle com grupo placebo para fins comparativos. Outros testes clínicos com mais rigor científico estão em andamento para verificar a efetividade do óleo de CBD para tratamento em pacientes com Alzheimer. A expectativa é que estes estudos sejam concluídos as em 2023.
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