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Como a cannabis medicinal pode ser usada em pacientes com câncer avançado?

O tratamento do câncer geralmente requer o uso de abordagens combinadas e procura atuar nos mecanismos de sobrevivência celular, superar os mecanismos de resistência a drogas, assim como aliviar os efeitos adversos gerados por abordagens quimioterápicas.

Atualmente, é grande o interesse no uso do canabidiol (CBD) como terapia combinada ou paliativa para o câncer. Devido aos seus efeitos fisiológicos capazes de neutralizar os sintomas do câncer ou os efeitos colaterais das quimioterapias, tais usos deste canabinoide têm demonstrado relativa eficácia na luta contra o câncer [1, 2].

Nesta direção, evidências in vitro e pré-clínicas demonstraram a eficácia do CBD em retardar o crescimento do tumor e causar a morte das células cancerígenas [3, 4].

Vários estudos também já demostram que o canabidiol, quando usado em combinação com outros agentes anticancerígenos, consegue sinergia, ou um efeito aditivo, potencializando os efeitos terapêuticos.

Cannabis medicinal e o câncer avançado

Em um estudo-piloto publicado na revista J Palliat Med., os autores avaliaram os efeitos da Cannabis medicinal em diminuir o escore total de desconforto dos participantes com câncer avançado e que se encontravam em um centro de serviço de cuidados paliativos e de suporte [1].

Os participantes eram heterogêneos e tinham quadros clínicos complexos consistentes com sua doença avançada e vários protocolos de tratamento. Neste estudo, a sobrevida mediana de cerca de cinco meses demonstrou que a maioria dos pacientes inscritos tinha um prognóstico ruim e se encaixava na definição de cuidados paliativos.

No estudo foram inscritos 21 participantes (CBD, n  = 16; THC, n  = 5), que receberam doses máximas toleradas de CBD, 300 mg/dia e THC, 10 mg/dia durante 14 e 28 dias. Foram analisados os escores totais de sintomas de sofrimento (medidos usando a Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton-EASE) [1].

Como resultados, dos 21 participantes inscritos, 86% completaram a medida de desfecho primário no dia 14, sendo o restante no dia 28. Nove dos 21 pacientes (43%) atingiram mais de seis pontos de redução na escalasse EASE.

As doses de THC e CBD usadas neste estudo foram geralmente bem toleradas e a sonolência foi o evento adverso mais comum [1]. Neste estudo, os pesquisadores concluíram que os ensaios da Cannabis medicinal nestes pacientes com câncer avançado são viáveis. Além disso, a medida do resultado do sofrimento total dos sintomas é promissora e demonstra um benefício geral dos sintomas.

As principais limitações deste estudo foram o pequeno tamanho da amostra e a falta de placebo, levando à necessidade de replicação dos resultados em um estudo controlado por placebo para chegar a conclusões mais assertivas.

Potencial do CBD em combinação com THC para alívio da dor em pacientes com malignidade avançada

Em um estudo publicado na revista J Pain Symptom Manage, os autores realizaram um teste randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, com 177 participantes, durante duas semanas, e compararam a eficácia de um extrato de tetraidrocanabinol: canabidiol (THC: CBD), um modulador do sistema endocanabinóide analgésico não opioide e um extrato de THC, com placebo, no alívio da dor em pacientes com câncer avançado [5].

Os pacientes foram randomizados para extrato de THC: CBD (n = 60), extrato de THC (n = 58) ou placebo (n = 59). A análise primária da mudança da linha de base na pontuação média da escala numérica de dor foi estatisticamente significativa a favor do THC:CBD em comparação com o placebo, enquanto o grupo THC mostrou uma mudança não significativa [5].

O CBD mostrou uma redução de mais de 30% do escore de dor basal quando comparado ao placebo (43% vs. 21%). A maioria dos eventos adversos relacionados ao medicamento foi de gravidade leve/moderada.

Este estudo mostrou que o extrato de THC: CBD foi eficaz para o alívio da dor em pacientes com dor oncológica avançada não totalmente aliviada por opioides fortes.

Esses resultados indicam que o componente CBD dos tratamentos THC/CBD é crítico para a redução da dor, e estudos futuros com a adição de um grupo somente de CBD são necessários para entender completamente a relação entre THC e CBD na redução da dor do câncer.

Outro ensaio recrutou 399 pacientes para um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo de 9 semanas sobre a eficácia de CBD+THC em uma dose máxima de 25 mg de CBD + 27 mg de THC por dia [6].

Os pacientes que tomaram CBD + THC tiveram uma melhora de 7,2% no escore de dor ao longo do estudo, enquanto os pacientes que tomaram placebo tiveram uma melhora de 9,5%. No entanto, os pacientes que tomaram CBD + THC reduziram o uso total diário de opioides em média ao longo do estudo, enquanto os pacientes que tomaram placebo aumentaram o uso de opioides [6].

Até agora, os ensaios clínicos relataram reduções significativas na dor e no uso de opioides em pacientes com câncer que tomam CBD/THC, o que não pode ser igualado pelo THC sozinho. Embora esse resultado seja encorajador, esses estudos carecem de uma intervenção de CBD sem THC.

Devido a essas limitações nos dados atuais sobre a eficácia do CBD no tratamento da dor, estudos futuros são necessários para definir rigorosamente as variáveis que influenciam seu efeito analgésico.

Em suma, o CBD tem grande potencial para melhorar a vida de pacientes com câncer, aliviando os sintomas de dor, distúrbios do sono e ansiedade, mas também pela atividade sinérgica com tratamentos anticâncer para reverter ou eliminar o crescimento de tumores que causam esses sintomas.

 

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Referência:

1] Good P., Greer R.M., Huggett G.E., Hardy J.R. An Open-Label Pilot Study Testing the Feasibility of Assessing Total Symptom Burden in Trials of Cannabinoid Medications in Palliative Care. J. Palliat. Med. 2020; 23:650–655.

[2] Hardy J., Haywood A., Gogna G., Martin J., Yates P., Greer R., Good P. Oral medicinal cannabinoids to relieve symptom burden in the palliative care of patients with advanced cancer: A double-blind, placebo-controlled, randomised clinical trial of efficacy and safety of 1:1 delta-9-tetrahydrocannabinol (THC) and cannabidiol (CBD) Trials. 2020; 21:110.

[3] Todorova J., Lazarov L.I., Petrova M., Tzintzarov A., Ugrinova I. The antitumor activity of cannabidiol on lung cancer cell lines A549 and H1299: The role of apoptosis. Biotechnol. Biotechnol. Equip. 2021; 35:873–879.

[4] Lee H.-S., Tamia G., Song H.-J., Amarakoon D., Wei C.-I., Lee S.-H. Cannabidiol exerts anti-proliferative activity via a cannabinoid receptor 2-dependent mechanism in human colorectal cancer cells. Int. Immunopharmacol. 2022; 108:108865.

[5] Johnson J.R., Burnell-Nugent M., Lossignol D., Ganae-Motan E.D., Potts R., Fallon M.T. Multicenter, Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled, Parallel-Group Study of the Efficacy, Safety, and Tolerability of THC: CBD Extract and THC Extract in Patients with Intractable Cancer-Related Pain. J. Pain Symptom Manag. 2010; 39:167–179.

[6] Fallon M.T., Lux E.A., McQuade R., Rossetti S., Sanchez R., Sun W., Wright S., Lichtman A.H., Kornyeyeva E. Sativex oromucosal spray as adjunctive therapy in advanced cancer patients with chronic pain unalleviated by optimized opioid therapy: Two double-blind, randomized, placebo-controlled phase 3 studies. Br. J. Pain. 2017; 11:119–133.