Estudos científicos têm destacado cada vez mais os potenciais terapêuticos de substâncias derivadas da cannabis em variadas doenças de origem neurológica.
Dois compostos, o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), chamam atenção pelos resultados positivos encontrados para o tratamento de desordens como a epilepsia. Em particular, o CBD parece ser a grande aposta para o tratamento desta doença devido ao seu índice terapêutico mais amplo e por não ser um composto psicoativo.
Potencial do CBD isolado no tratamento da epilepsia
O potencial terapêutico do CBD para tratamento da epilepsia remonta os anos 80, onde os primeiros estudos documentavam efeitos positivos com a administração do canabidiol em pacientes com epilepsia [1].
Com o passar dos anos, novos estudos foram realizados fortalecendo ainda mais estes resultados. Ensaios pré-clínicos e clínicos demonstraram que o CBD poderia ser uma alternativa eficaz para controle e diminuição dos episódios convulsivos, especialmente em pacientes com epilepsia refratária e resistente aos tratamentos convencionais [2, 3].
Em um estudo intervencionista aberto, pesquisadores investigaram o potencial do CBD como terapia adjuvante em pacientes portadores de epilepsia (crianças e adultos de até 30 anos) e em curso com tratamento com medicamentos antiepiléticos de entrada em 11 centros de epilepsia nos Estados Unidos [2]. O objetivo da pesquisa foi estabelecer se a utilização do CBD em conjunto com a terapia antiepiléptica convencional poderia ser mais eficaz, segura e bem tolerada em crianças e adultos jovens com epilepsia resistente ao tratamento.
Foram administradas oralmente doses de CBD que variaram em média de 2-5 mg/kg por dia, com doses máximas chegado a 25 mg/kg por dia durante pelo menos 12 semanas. Os resultados encontrados demonstraram que o CBD foi eficaz na redução da frequência de convulsões nestes pacientes, além de apresentar um perfil de segurança adequado para utilização em crianças e adultos com epilepsia altamente resistente a terapia [2].
Óleos Full Spectrum poderiam ser mais eficazes?
Apesar dos benefícios, a maior parte dos estudos científicos avaliaram os efeitos da utilização do CBD em sua forma isolada. Dessa forma, foi desconsiderada a possível ação sinérgica de outros compostos presentes na planta cannabis.
A teoria do efeito entourage (efeito comitiva) ainda é tema de debate científico. Existem evidências que apontam a ação conjunta de todos os componentes da planta presentes em óleos Full Spectrum (sem passar por processo de purificação) de forma a potencializar as suas propriedades medicinais [5].
Em um estudo de meta-análise, pesquisadores avaliaram resultados de pesquisas clínicas para o tratamento da epilepsia em que foram utilizados óleos isolados de CBD e compararam com outros estudos que utilizaram óleos ricos em CBD. Ao todo foram avaliados 11 estudos publicados em revistas com fator de impacto médio de 8,1, contendo dados categóricos de um total de 670 pacientes [3].
Estudo indica que óleos ricos em CBD apresentam um perfil terapêutico melhor que a forma isolada do composto para tratamento da epilepsia
Nos estudos analisados, a dose média utilizada de extratos ricos em CBD que apresentou eficácia foi mais baixa (média de 6 mg/kg/dia) quando comparado aos resultados obtidos com a utilização do CBD em sua forma isolada (25,3 mg/kg/dia). Além disso, houve um maior número de pacientes que relataram melhora dos sintomas (diminuição na frequência de crises convulsivas) com o uso do óleo rico em CBD (71%), contra 41% dos pacientes que utilizaram a forma isolada [3].
Outro ponto positivo foi a menor ocorrência de eventos adversos. Em geral, os pacientes que utilizaram o óleo rico em CBD apresentaram menos efeitos adversos, e quando havia, eram mais leves.
Estas são evidências muito promissoras que demonstram o potencial de óleos Full Spectrum para tratamento de desordens neurológicas, como a epilepsia. Os resultados encontrados indicaram que os extratos ricos em CBD parecem apresentar um perfil terapêutico melhor do que o CBD purificado, principalmente em pacientes com epilepsia refratária.
Os cientistas acreditam que estas diferenças na eficácia e segurança terapêutica possam ser explicadas pelos efeitos sinérgicos de outros fitocanabinoides presentes nestes óleos não purificados (efeito entourage). No entanto, são necessários mais estudos clínicos com amostras mais amplas para chegar a conclusões definitivas.
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Referências:
[1] Cunha JM, Carlini EA, Pereira AE, Ramos OL, Pimentel C, Gagliardi R, et al. (1980). Chronic administration of canabidiol to healthy volunteers and epileptic patients. Pharmacology 21:175–85.
[2] Devinsky O, Marsh E, Friedman D, Thiele E, Laux L, Sullivan J, et al. (2016). Cannabidiol in patients with treatment-resistant epilepsy: an open-label interventional trial. Lancet Neurol. 15:270–8.
[3] Pamplona, F. A., Da Silva, L. R., & Coan, A. C. (2018). Potential clinical benefits of CBD-rich cannabis extracts over purified CBD in treatment-resistant epilepsy: observational data meta-analysis. Frontiers in neurology, 759.
[4] Porter BE, Jacobson C. (2013). Report of a parent survey of cannabidiol-enriched cannabis use in pediatric treatment-resistant epilepsy. Epilepsy Behav. 29:574–7.
[5] Russo EB. (2011). Taming THC: potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects. Br J Pharmacol. Aug;163(7):1344-64.