O potencial analgésico e anti-inflamatório da Cannabis medicinal tem despertado grande interesse pelo uso veterinário do CBD, como recurso terapêutico, para cuidar dos animais de estimação.
O Canabidiol (CBD) tem sido, cada vez mais, utilizado como recurso complementar, em humanos, e alcançado resultados importantes, no tratamento de distúrbios, como: dores crônicas, ansiedade, os sintomas agudos da Epilepsia Refratária e essas respostas oportunas estimularam o interesse pelo uso veterinário do CBD.
A popularidade do CBD continua a aumentar e muitas pessoas estão incorporando o CBD, como parte do protocolo de medicação, para seus animais de estimação, seja como adjuvante ou como opção de tratamento alternativo.
Embora os estudos científicos sobre os efeitos do CBD em humanos seja realizado há décadas, as pesquisas sobre o uso veterinário do CBD estão começando e muitas questões permanecem sem resposta segura, em relação à segurança, eficácia, dosagem, etc.
No entanto, isso não impediu que os donos de animais de estimação procurassem seus veterinários para obter informações e orientações sobre o uso do CBD. Em muitos casos, os tutores que optaram pelo uso veterinário do CBD, já obtiveram resultados expressivos, para tratar suas próprias condições médicas e acreditaram que seria igualmente benéfico para seus animais.
Observações Científicas sobre o uso veterinário do CBD?
O que já sabemos é que o CBD pode proteger as células do estresse oxidativo e a consideração por essa molécula aumentou a tal ponto, que o CBD está sendo usado como a única opção de tratamento, para uma variedade de condições médicas, inclusive o uso veterinário do CBD.
Pesquisas sobre o controle de convulsões e alívio da dor, em cães com osteoartrite, apresentaram segurança e eficácia clínica, além da diminuição na dor, sem efeitos colaterais.
No tratamento de convulsões, observou-se redução significativa de 89%, na frequência de convulsões, em cães que receberam CBD, quando comparado aos animais que receberam terapia antiepiléptica convencional.
Estudos adicionais incluem o uso veterinário do CBD em outras espécies, além dos cães e gatos e procura-se descrever melhor a farmacocinética do CBD, bem como analisar doses variadas de CBD, para diferentes condições clínicas.
O pesquisador responsável pela pesquisa da American Veterinary Medical Association, Dr. Powers, usou o CBD em seus próprios animais de estimação, incluindo um São Bernardo, que sofria de artrite e apresentava severa ansiedade durante tempestades. Segundo ele, o animal utilizou o óleo de CBD de cânhamo e mastigáveis e apresentou bons resultados, sob vários pontos de vista.
Outra pesquisadora, da Veterinary Cannabis Education and Consulting, Dra. Casara Andre, usou CBD em seu gato, que sofria de problemas renais, doença inflamatória intestinal (DII) e artrite. A opção utilizada foi uma tintura dominante em CBD e demorou cerca de 6 semanas para resultados, incluindo a melhora no apetite, vontade de interagir e pequenas tentativas de brincar.
Após a substituição da tintura por outro produto dominante em CBD, que também continha uma pequena quantidade de THC, os resultados foram mais rápidos e significativos.
O uso veterinário do CBD é esperança de tratamento, para animais de estimação
Os animais de estimação são considerados parte integrante das famílias e seus tutores buscam oferecer as melhores opções nos cuidados, garantindo-lhes o bem-estar. Ainda assim, algumas situações podem fugir da proteção dos tutores, sendo indispensável recorrer aos cuidados e avanços da medicina veterinária.
Nessas horas, o maior desejo é eliminar a dor e sofrimento do animal e oferecer o máximo conforto e aconchego. O que se tem observado, com cada vez mais frequência, é que as pessoas que já conhecem o potencial terapêutico da Cannabis medicinal, procuram pelo uso veterinário do CBD, como um tratamento alternativo aos seus animais.
Devido à eficácia no alívio de dores e vários outros distúrbios, em humanos, o uso veterinário do CBD tornou-se uma esperança, no tratamento dos animais. O primeiro animal a testar o CBD, no Brasil, foi uma gata tetraplégica, de 15 anos, em uma terapia experimental, utilizada como último recurso para tentar melhorar o quadro de dores crônicas, causadas por diversas doenças.
A gata sofreu maus tratos, antes da adoção pela atual tutora e foi diagnosticada com múltiplas enfermidades, como: artrite, artrose, hérnia de disco, bico de papagaio, inflamação de raízes nervosas (polirradiculite), osteoporose, excesso de sensibilidade à dor (hiperestesia) e tinha fraturas em oito pontos da coluna vertebral.
O animal utilizava, regularmente, mais de sete medicamentos, para alívio da dor e controle das convulsões diárias e já havia sido submetida a todo tipo de terapia, desde as convencionais, até as alternativas, incluindo-se tratamentos de luz infravermelha e acupuntura.
O Ambulatório de Dor e Cuidados Paliativos da FMVZ-USP acompanhou o tratamento com o CBD e observou o alívio das dores e redução significativa dos efeitos colaterais, decorrentes dos uso de anticonvulsivantes e analgésicos fortes.
Uso Terapêutico do CBD Propicia Melhora na Qualidade de Vida dos Animais de Estimação
É importante lembrar que diversos outros casos, em que optou-se pelo uso veterinário do CBD, os resultados foram expressivos e trouxeram diversos benefícios aos animais.
Um cachorro da raça shih-tzu, que apresentou crises convulsivas, desde um ano de idade, era medicado com comprimidos de Gardenal e sofria com diversos efeitos colaterais, como perda de apetite e indisposição. A partir da utilização do óleo de CBD, o cão voltou a brincar e retomou o apetite.
Outro caso em que o uso veterinário do CBD trouxe alívio e melhora na qualidade de vida, foi com um gato de 6 anos, que teve uma infecção na bexiga e não respondeu às medicações convencionais. A melhora considerável veio logo após o início da intervenção, com o uso do óleo de CBD.
Riscos e Efeitos Colaterais do uso veterinário do CBD
Apesar dos notórios benefícios obtidos, a partir do uso veterinário do CBD, o uso sem orientação pode causar graves consequências e riscos à saúde dos animais. Dosagens excessivas tendem a provocar sérios feitos adversos como a falta de coordenação para motora, diarreia e tontura, podendo levar o animal à morte.
Outro risco que deve ser observado com bastante cautela está relacionado à procedência do medicamento ministrado. A avaliação de segurança do produto precisa ser rigorosa, para evitar contaminação por fungos e bactérias, além da possibilidade de conter traços de THC, que pode causar sintomas graves, como: tremores, vômitos, baba, letargia e até convulsões.
Para garantir a eficácia e segurança do tratamento, é indispensável que o uso veterinário do CBD tenha acompanhamento de um médico veterinário, uma vez que a dosagem ministrada varia em cada animal, de acordo com a idade, peso, comorbidades e diversos outros fatores.
Sinais Clínicos associados à Toxicidade, no uso veterinário do CBD
Casos veterinários de intoxicação por Cannabis, em cães, costumam ser resultantes do uso de comestíveis. Nesses casos, pode haver ingredientes tóxicos adicionais envolvidos, como chocolate, passas ou xilitol, que resultam em um prognóstico pior. Os gatos também podem sofrer ao consumir diretamente o material vegetal.
Alguns sinais clínicos podem ser associados à intoxicação do animal. Uma apresentação clássica é um cão deprimido ou com incapacidade de coordenação. Casos de óbito relacionados à toxicidade da Cannabis e complicações associadas, como aspiração, também foram identificados.
Em qualquer suspeita de que o animal tenha sido exposto a qualquer forma de intoxicação por Cannabis, deve-se consultar o veterinário, imediatamente.
Referências
AVMA. American Veterinary Medical Association. Cannabis use and pets.
https://www.avma.org/resources-tools/animal-health-and-welfare/cannabis-use-and-pets
CAMPBELL, C. Unraveling the use of CBD in veterinary medicine. 2020.
https://www.myvetcandy.com/clinicalupdblog/2020/9/1/unraveling-the-use-of-cbd-in-veterinary-medicine